_______________Memórias de uma senhora artista de TaubatéChico Buarque, um quase estreante, ainda não conhecido do grande público, inscreveu uma marchinha de estrutura simples, aparentemente singela - A Banda -, no festival da canção da TV Record de 1966. Iria cantá-la em duo com Nara Leão, que já havia gravado músicas suas. A direção do festival apostava na marchinha - um aparente contraponto às canções de protesto típicas da época. Mas o diretor do festival, Solano Ribeiro, não gostou do arranjo que Geny Marcondes bolou para a música. A arranjadora chamou o flautista Altamiro Carrilho e montou uma bandinha de coreto. "Se você aparecer com essa bandinha, vai ser vaiado", teria dito Solano a Chico Buarque. Geny insistiu, e o autor gostava do arranjo. Chegou-se a uma solução conciliatória: Chico cantava a primeira parte, sozinho, acompanhado pelo violão; depois, entrava Nara, e, aí sim, atacava a fanfarra. E quando a fanfarra atacava é que vinham os aplausos delirantes do público - como se pode ouvir na gravação, ao vivo, da apresentação da música no festival. Bem, A Banda dividiu o primeiro lugar com uma música "de protesto", a toada Disparada, melodia de Théo de Barros com versos de Geraldo Vandré. Certamente o resultado teria sido o mesmo sem a bandinha do Altamiro. Mas o episódio é demonstrativo da força de personalidade daquela arranjadora - única mulher a operar no time dos grandes orquestradores da época, como Léo Peracchi, Radamés Gnatalli, Lyrio Panicalli entre eles. Coragem, quando nada, porque banda associa-se tanto a coreto do interior quanto à caserna.Vivia-se o terceiro ano do regime militar instaurado pelo golpe de 1964 e a música popular era a arte que ecoava a insatisfação da intelectualidade com o estado das coisas. Teimosia - Um ano antes, ela já tinha dado prova da teimosia. O show Opinião, com Nara Leão, João do Vale e Zé Kéti, havia estreado em 1964 e era o grande sucesso do teatro dito participante - o teatro político, de crítica social. Nara ficou afônica. Quem poderia substituí-la? Provisoriamente, entrou Suzana de Moraes, filha de Vinicius. Glauber Rocha lembrou de uma baianinha desconhecida, certa Maria Bethânia Vianna Teles Veloso. Na estréia de Bethânia, a imprensa estava lá, para conferir a eficácia da desconhecida. A diretoria do Teatro Opinião não gostou. Augusto Boal, diretor do espetáculo, não gostou. Da cúpula, só duas pessoas defenderam Bethânia: o diretor João das Neves e Geny Marcondes. Bateram pé. Conseguiram que Bethânia ficasse. "Naquela noite, creio, nasceu nossa parceria", conta João das Neves. Geny assumiu a direção musical do Opinião. Geny seria compositora, diretora musical ou orquestradora e arranjadora de três montagens célebres de João - Jornada de um Imbecil até o Entendimento, de Plínio Marcos, Antígona, de Sófocles, e Panorama Visto da Ponte, de Ademar Conrado. Foi, aliás, Geny quem apresentou a João das Neves um músico mineiro recém-chegado ao Rio, um cantor impressionante, compositor originalíssimo - um certo Milton Nascimento. Ela fez, também, os arranjos do disco Manhã de Liberdade, de Nara Leão, lançado em 1966. Mas, ao que parece, a música cênica era seu dom especial. "Uma pioneira, uma constante e irrequieta inovadora e uma lutadora sem medo de se expor; uma mulher (ah, as mulheres e seu desassombro!) capaz de enfrentar a incompreensão dos críticos de então e de ganhá-los para suas teses" - dela diz João das Neves. Mas não foi só com ele que ela trabalhou. Na verdade, nos anos 60 e nos 70, Geny foi diretora musical de várias das mais importantes montagens teatrais do País. Para algumas escreveu músicas, fez arranjos e orquestrações; para outras, fez só os arranjos e orquestrações. Alguns exemplos: Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, direção de José Renato para o Teatro de Arena; Guerras do Alecrim e da Manjerona, de A.J. da Silva, direção de Gianni Ratto; Os Amores de D.Pirlimpimpim com Belinda em Seu Jardim, de García Lorca, direção de Ivan de Alburquerque e Rubens Corrêa; A Mandrágora, de Maquiavel, e A Lei e a Pena, de Ariano Suassuna, direção de Luís Mendonça; O Noviço, de Martins Pena, direção de Dulcina de Morais; O Círculo de Giz Caucasiano, de Brecht, direção de José Renato; A Barca do Inferno, de Gil Vicente, direção de Gianni Ratto; Pigmaleoa, de Millôr Fernandes, direção de Ivan de Albuquerque. Lobato - Geny Marcondes estreou no ofício de fazer música para teatro nos anos 40, em Taubaté, no Vale do Paraíba, sua cidade natal. Montou uma opereta baseada no Sítio do Pica-Pau Amarelo, do conterrâneo Monteiro Lobato. Teve a oportunidade de mostar para ele, anos depois, a peça. Lobato gostou tanto que decidiu que a opereta seria montada na inauguração da biblioteca infanto-juvenil que seria instalada na nova Biblioteca Municipal da capital paulista. Nasceu Jenny Marcondes, no dia 5 de maio de 1916. Estudou piano e teoria musical no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, e no Instituto Musical estudou canto orfeônico. Foi aluna de piano de Magdalena Tagliaferro, de harmonia funcional e contraponto de Hans Joachim Koellreutter - com quem se casaria -, de orquestração de Guerra Peixe. Em Veneza, estudou direção de orquestra com Hermann Scherchern - este foi apenas um de seus cursos internacionais. Casada com Koellreutter, nos anos 40, mudou-se para o Rio. Em 1943, tornou-se diretora do setor infanto-juvenil da Rádio MEC (um programa em que atuava certa Arlete Pinheiro, mais tarde conhecida como Fernanda Montenegro). Fez programas musicais infantis na extinta TV Rio, chegou ao teatro e ao cinema - fez, por exemplo, música e direção musical para Marcelo Zona Sul, de Xavier de Oliveira. Ao longo dos anos 40 e 50, participou, como pianista, do Grupo Música Viva, integrado pelos músicos da vanguarda da época - Guerra Peixe, Camargo Guarnieri e Edino Krieger entre eles. Diz Edino Krieger da pianista Geny: "Ela representava um ponto de apoio, um fator de segurança. Pianista de amplos recursos, promovia sempre uma leitura perfeita das obras a ela confiadas, que sua sensibilidade e sua musicalidade epidérmica e, no entanto, profunda, se incumbiam de transformar em momentos privilegiados de relização musical." Ah, sim, e, adolescente, animou, com seu piano, filmes mudos primeiro no cinema Odeon, de Taubaté, depois em cinemas de várias outras ciadades. E também dirigiu shows de Clementina de Jesus, Baden Powell, escreveu música para balé - e assim por diante. No entanto, nos anos 80, deixou a música em segundo plano. Foi depois que criou um curso multimídia chamado Ver/Ouvir, um panorama comparativo das artes. Mudou-se para Teresópolis. Uma chuva de verão derrubou sua casa e destruiu centenas de partituras. Desde o fim dos anos 80, Geny mora, outra vez, em Taubaté. Dá cursos de artes plásticas e música, escreve poesia (publicou, em 1988, Romãs no Inverno, pela Massao Ohno) e compõe. "Quando escolho um tema para trabalhar, na música ou na pintura, quero esgotá-lo", diz, feliz, em seu jardim, onde o tempo, parece, não se esgota. O Estado de S.Paulo - Mauro Dias - 2002 - disponivel em http://www.mariabethania.hpg.ig.com.br Geny Marcondes faleceu em 30 de janeiro de 2011. _________________________________Auguste Rodin |
A partir de 1911 participa do grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), de pintores de vanguarda, com os alemães Kandínski e Franz Marc. Começa então a receber convites para exibir seus trabalhos em importantes galerias. Em 1912 viaja para Paris e, dois anos depois, para a Tunísia, recebendo influência do cubismo e da cultura oriental.
Seus quadros mostram a mistura de inúmeros elementos, da arte pré-colombiana à tapeçaria persa, do mosaico bizantino ao racionalismo geométrico. Entre 1921 e 1926 trabalha na Bauhaus, como artista e professor. Após viajar pela Itália e pelo Egito, entre 1926 e 1928, começa a ensinar na Academia de Düsseldorf, na Alemanha.
Em 1933, suas obras são confiscadas pelo regime nazista e ele se instala na Suíça, onde morre, em Muralto, perto de Locarno. Suas idéias estão expostas nos livros O Pensamento Artístico (1920) e Cadernos de Esforços Pedagógicos (1925).
Disponível em: algosobre.com.br/
(Disponível em: www.arquiartista.blogspot.com
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Alexander Calder
Alexander Calder (Lawton, Pensilvânia, 22 de julho de 1898 - New York, 11 de novembro de 1976), também conhecido por Sandy Calder, foi um escultor e artista plástico estaduniense famoso por desenvolver seus móbiles.Fonte
Formou-se em engenharia e antes de se dedicar à escultura foi pintor e ilustrador.
Em 1926, após visitar a Grã-Bretanha, fixou-se em Paris, onde conheceu surrealistas, dadaístas e os componentes do grupo De Stijl. Data dessa época sua amizade com Joan Miro. Construiu um circo em miniatura, com animais de madeira e arame. Os seus “espetáculos” eram assistidos por artistas e intelectuais. Fez, também em arame, as suas primeiras esculturas: Josephine Baker (1926), Romulu and Remus (1928), Spring (1929).
De 1931 datam as suas primeiras construções abstratas, nitidamente influenciadas por Mondrian. Os primeiros móbiles são de 1932.
Em 1933 Calder voltou aos Estados Unidos. Em 1948 viajou à América do Sul e de novo em 1959. Nessa última ocasião, visitou o Brasil, onde expôs no Museu de Arte de São Paulo. Em 1950 foi à Escandinávia.
Calder ocupa lugar especial entre os escultores modernos. Criador dos stabiles, sólidas esculturas fixas, e dos móbiles, placas e discos metálicos unidos entre si por fios que se agitam tocados pelo vento, assumindo as formas mais imprevistas – a sua arte, no dizer de Marcel Duchamp, “é a sublimação de uma árvore ao vento”.
Calder foi o primeiro a explorar o movimento na escultura e um dos poucos artistas a criar uma nova forma – o mobile. Nos últimos anos mantinha um estúdio em Saché, perto de Tours, e embora vivesse aí a maior parte do tempo, conservou sua fazenda de Roxbury, Connecticut, comprada em 1933, e que se tornara um verdadeiro repositório de trabalhos e objetos feitos por ele – desde os andirons espiralados da lareira rústica até às bandeijas feitas com latas de azeite italiano.